(...) que nome ela tem? Pode ser aquela vontade de abraçar e não soltar mais assim como a de fazer tudo aquilo que deixamos pra outra vez. Somos, entre nós, tudo aquilo que o filme nos mostra, nos fazemos de histórias que não vivemos, de pequenas lembranças que se tornam gigantes em nossa mente. Nos buscamos sem saber o porquê disso ou daquilo, querendo estar junto mesmo sem estar perto, sem ter a mínima noção de saber aonde vamos muito menos com quem.
Sem contar nada um ao outro, fazendo de conta que ele não sabe de nada, buscamos algo que nos defina. Nos buscamos mesmo sabendo que o dia em que encontrarmos essa definição, que já existe, partiremos por novos motivos. Nos mostramos de maneira aberta demais, quase que frágil, tendo consciência disso ao mesmo tempo que jamais falaríamos a respeito. Pois somos fechados demais, quase egoístas por natureza. Somos mentirosos; nos enriquecemos de tudo aquilo que nos alimenta e fazemos de conta de que tudo isso nos faz falta.
Esperamos sim, qualquer coisa que essa tarde indo embora nos deixe, enquanto observamos de longe a noite que vem nascendo. Procurando sem saber o que já temos.
(...) Não teriam palavras pra descrever a sensação. - Nem sequer lembro do que ele me falava enquanto de longe te encontrei. Eram palavras perdidas.- E dali em diante saberia que algo estava a nossa espera. A partir desse momento as peças se encaixavam com mais facilidade enquanto íamos respondendo nossas perguntas que até hoje não cessaram. Quando não são para os outros, são à nós mesmos. Estamos sempre atrás de algo ainda que na maioria das vezes estejamos a frente dos que nos cercam. Nos descobrimos e junto a nós se revelam os limites quebrados, porque sem saber se é impossível vamos lá e fazemos. Achando ser difícil, damos tudo que podemos em cada instante. Tudo que naquele instante era demais, hoje fortalece. Vamos até a margem toda manhã, a espera de que algum dia encontremos o barco que nos leve ao outro lado.
Nos descobrimos mais do que éramos ontem, andando passo a passo, sem perder o ritmo, sem parar o tempo. Obedecendo as falas e o espaço vazio que fica entre elas.
Somos impertinentes, inconsequentes, equilibrados, impulsivos e disfarçados. Pensamos tanto que guardamos pra nós ao mesmo tempo que representamos nas nossas palavras.
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